O seu carro não vale mais que minha bicicleta, eu tenho certeza.
sua arrogancia não intimida uma pedalada minha,
eu caio, mas levanto, continuo.
olho para as pessoas a me olhar
e vejo nos seus mal- olhados toda a rejeição
e leio em seus lábios:"-agora ela aprende!"
Não abaixo a cabeça,
mas sigo com olhos cheios de lágrimas,
espero a rua virar outra
e assim ninguém saber quem sou.
continuo a andar, já não pedalo mais,
a bike que me levava agora está sendo levada.
No meu corpo há dor,
mas meu coração dói muito mais.
meu coração, mesmo ja sabendo como as coisas são,
não se conforma, se interroga o tempo inteiro o por que dessas coisas.
por que um, sempre insiste em querer ser mais?
por que o maior acha que é melhor?
por que o dinheiro tem voz e é escutado?
por que ele acelerou na hora que eu ia passar?
por que ele acha que o carro dele vale mais que minha bicicleta?
(suspiro)
além de quererem que eu e o resto das muitas pessoas parem
de andar de bicicletas
e comprem carros e motos e coisas que gerem lucros, ou de olharem torto
pra alguém pelo simples fato de está em cima de uma bicicleta,
EU NÃO VOU PARAR,
AS PESSOAS NÃO VÃO PARAR DE ANDAR DE BICICLETA.
MINHA BICICLETA E EU VAMOS CONTINUAR A PEDALAR,
CAIR,
LEVANTAR,
SE INDIGNAR.
quem sabe assim as coisas mudem,
quem sabe assim a gente muda as coisas.
(Do tempo que eu pedalava todos os dias e com vigor.)
